Muitos desconhecem a Doença de Alzheimer, que é uma doença degenerativa e progressiva (significa que ao longo do tempo mais partes do cérebro são danificadas), ou seja, uma doença que corrompe o cérebro, levando as células cerebrais à morte. É uma doença que se desenvolve e avança gradualmente, pois afeta os neurônios. Por isso problemas de memória, pensamento, agitação e alterações de humor. Os doentes vão esquecendo das coisas, perdendo a capacidade de concentração. Acontece que esses sinais fazem parte do processo natural de envelhecimento, por isso passa desapercebido em muitas famílias.
Existem quatro fases da doença. A primeira fase é a inicial, quando o idoso apresenta alterações da afetividade e lapsos da memória recente. A segunda fase é a intermediária, quando há manifestação de deterioração dos sentidos de linguagem, orientação, memória, raciocínio e julgamento; momento também em que aparecem as dificuldades motoras. Na terceira fase, a final, o doente fica apático e sem reação, pois sua capacidade intelectual e de iniciativa estão altamente prejudicadas. Nesta fase final, há o confinamento ao leito devido às alterações neurológicas que provocam aumento do tônus muscular (rigidez), quando os movimentos do idoso ficam muito lentos. A última fase é a terminal, em que o idoso fica restrito ao leito, ou seja, fica o tempo todo na cama, quando adota a postura fetal, devido a contraturas dos membros superiores e inferiores. Isso acompanhado de incontinência urinária e fecal, total indiferença ao meio, mutismo e estado vegetativo. Alzheimer é uma doença que faz o indivíduo perder a autonomia do corpo e o afastamento do eu.
SINTOMAS DO DIA-A-DIA
Os portadores da doença de Alzheimer têm problemas na hora de conversar, pois não conseguem encontrar as palavras certas devido aos lapsos de memória. Eles esquecem os nomes das pessoas, os compromissos e os acontecimentos recentes. Uma das evidências mais difíceis para as pessoas que convivem com o doente, são as mudanças de humor constantes, que muitas vezes são confundidas com uma personalidade difícil ou mesmo teimosia.
Quanto mais os sintomas se agravam, mais as pessoas com Alzheimer vão precisar de ajuda em suas atividades diárias. Muitos idosos podem vaguear pelas ruas e se perderem. Muitos perdem a noção de dia e noite, e podem, no meio da noite, levantar-se da cama, vestir-se e sair de casa pensando que o dia começou.
Há também perda da visão, olfato e paladar. Em um nível mais avançado, pessoas com Alzheimer podem ter alucinações, que envolvem ouvir, ver, cheirar ou sentir coisas que não estão ali, devido aos danos causados pela doença no cérebro.
Devido à doença, o idoso pode se tornar agressivo verbalmente e fisicamente, apresentar-se teimoso, com choro fácil e gritos. Acontece que a teimosia é devido à doença e não por “maldade” do idoso. O idoso pode recusar-se a comer, ficar bravo e emburrado.
CAUSA
Na verdade não existe uma causa identificada para a Doença de Alzheimer. Seu aparecimento envolve fatores diversos que incluem idade, genética, fatores ambientais, modo de vida e saúde de um modo geral. Sendo que em cada indivíduo a doença se apresenta de um jeito diferente.
Vale ressaltar que a idade é o maior fator de risco para a demência por Doença de Alzheimer. Quanto à herança genética, existem famílias predispostas à doença, principalmente quando a doença aparece antes dos 65 anos de idade. Fala-se de fatores ambientais como possível causa, mas tais fatores ainda não foram comprovados cientificamente.
Na condição médica geral existem predisposições para o desenvolvimento da doença: pessoas que fumam, que têm diabetes e colesterol alto se enquadram na categoria de risco aumentado. Por isso o diferencial é manter uma alimentação equilibrada e um estilo de vida ativo que inclui atividade social, física e mental.
DIAGNÓSTICO
Geralmente é realizado através de exames de sangue e exame físico completo com o intuito de descartar outros problemas médicos. A Avaliação cognitiva e de memória, as habilidades de pensamento e raciocínio são detalhadamente avaliadas por um psicólogo. Para aprofundar essas investigações, tomografia computadorizada e ressonância magnética, exames que vão mostrar as mudanças ocorridas no cérebro da pessoa com Alzheimer.
TRATAMENTO
A doença não tem cura e o tratamento medicamentoso não evita a progressão da doença, mas é capaz de diminuir a piora dos sintomas e assim, melhorar a qualidade de vida do portador de Alzheimer e de seus cuidadores. Os primeiros sinais da doença podem começar aos 40 anos com comprometimento da capacidade de funcionamento, confusão e agitação, mas acomete idosos depois dos 65 anos. Os sintomas vão piorando com o passar do tempo e vão se tornando graves, a ponto de prejudicar totalmente a rotina de vida do doente, sendo que o doente perde a capacidade de manter conversa ou responder adequadamente ao ambiente.
AÇÃO DA MEDICAÇÃO
Os remédios servem para equilibrar falhas nas liberações químicas pelo cérebro, como a substância acetilcolina, no caso do Alzheimer. Dependendo do tipo de medicação, os efeitos colaterais são relativamente pequenos, entre eles falta de apetite, insônia, náusea, tontura, dor de cabeça, cansaço, confusão e desinteria. Portanto, o doente que não faz o tratamento medicamentoso tem sua memória e habilidades de pensamento destruídos mais rapidamente. O que faz muita diferença na hora de conviver com esse idoso.
Cuidar do idoso com Alzheimer é muito difícil pra família. Os parentes que se disponibilizam a cuidar do idoso doente precisam de tranqüilidade porque os desafios são grandes e também porque ações específicas podem reduzir algumas preocupações que surgem devido às dificuldades de lidar com ele. Tanto o cuidador quanto parentes mais próximos, enfrentam o desafio diário de se adaptar às mudanças que o idoso vai tendo em seu comportamento e funcionamento.
O sistema emocional do cuidador fica muito abalado, pois este passa a se impor limitações e mudam completamente sua rotina de vida, priorizando as atividades do idoso. Geralmente o cuidador se vê envolvido por sentimentos conflitantes com os quais não sabem lidar, que o levam ao isolamento.
Muitos cudadores sentem-se cansados com tal responsabilidade e desenvolvem sintomas variados por sustentarem o conceito de que não “têm vida”, de que “não descansam”, de manterem uma sensação de se sentirem “amarrados”. Tudo isso acontece também, quando não sentem apoio de outros familiares.
Lidar com o idoso portador da doença de Alzheimer requer uma compreensão a nível de conhecimento da doença, uma vez que é muito difícil prever o que uma pessoa com Alzheimer pode fazer. Deixar o idoso sozinho requer uma avaliação cuidadosa. Um dos pontos a serem avaliados é se ele fica confuso ou imprevisível em situações de estresse. Outro detalhe a ser observado é se o idoso reconhece uma situação perigosa, como por exemplo, o fogo. Muitos idosos com Alzheimer não são capazes de fazer uma ligação para obter ajuda, vagam desorientados, mostram sinais de agitação ou depressão quando são deixados sozinhos por um período de tempo curto. Cozinhar é uma situação de risco para o idoso doente e quando ocorrer, deve haver supervisão.
A maioria dos cuidadores não estão preparados para cuidar adequadamente do idoso, e esquecem-se dos próprios cuidados. Muitos fatores físicos e psicológicos afetam os cuidadores, por isso é importante cuidar bem do idoso e de si mesmo.
FAMÍLIA
O ALZHEIMER pode ser considerado como uma doença familiar, porque modifica consideravelmente o cotidiano das famílias. A responsabilidade de direcionar cuidados ao idoso sobrecarrega e desgasta profundamente o emocional do cuidador.
Com a confirmação do diagnóstico a família fica insegura, revoltada e preocupada com a possibilidade do idoso tornar-se “inválido”, não reconhecer a família e não ter preparação para cuidar dele. Vária situações podem acontecer, inclusive a falta de interesse por parte de alguns membros da família. Devido ao desconhecimento da doença, muitas famílias não acreditam que seu idoso esta doente.
Não é toda a família que coopera, sempre acabam “elegendo” um membro para cuidar do idoso, que naturalmente fica sobrecarregado – física e psicologicamente - e ainda tendo que escutar conselhos desnecessários.
O cuidador geralmente relata que o restante da família não colabora, mas ele também carrega a crença de que é a sua missão cuidar do idoso doente, e sem perceber, acaba não compartilhando os cuidados.